sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

"Os tesouros de Satã" - Jean Delville

O  quadro pelo qual me apaixonei no primeiro contato com os quadros de Jean Delville!

Quadro - "Les trésors du Satan"  (1895)- Jean Delville (Musées royaux de beaux arts - Belgique)

Fonte: https://www.fine-arts-museum.be/fr/les-musees

Ps: Recomendamos olhar os livros de arte com a ajuda de uma lupa! É outro papo na viagem!




"Os tesouros de Satã" - Jean Delville

O  quadro pelo qual me apaixonei no primeiro contato com os quadros de Jean Delville!

Quadro - "Les trésors du Satan"  (1895)- Jean Delville (Musées royaux de beaux arts - Belgique)

Fonte: https://www.fine-arts-museum.be/fr/les-musees

Ps: Recomendamos olhar os livros de arte com a ajuda de uma lupa! É outro papo na viagem!




"A escola do silêncio" - Jean Delville

"A escola do silêncio"- aqui nosso pano de fundo -  é de autoria do pintor belga Jean Delville (1867 - 1953). O pintor simbolista também foi poeta e crítico de arte. Muitos de seus trabalhos podem ser conferidos no livro O simbolismo (editora Tachen).


Diante de "A escola do silêncio", minha mente se aquieta e, por alguns instantes, esqueço-me do quão minha personalidade  normalmente é tensa. Como afirma Bernardo Soares - heterônimo de Fernando Pessoa no Livro do desassossego: " a Arte que mora na mesma rua que a Vida, porém num lugar diferente, a Arte que alivia da vida sem aliviar de viver." E é mesmo como se eu me mudasse pra outro lugar quando vejo pensativas as serenas meninas de Delville.

Quadro: "École du Silence" - Jean Delville (Coleção particular)



"A escola do silêncio" - Jean Delville

"A escola do silêncio"- aqui nosso pano de fundo -  é de autoria do pintor belga Jean Delville (1867 - 1953). O pintor simbolista também foi poeta e crítico de arte. Muitos de seus trabalhos podem ser conferidos no livro O simbolismo (editora Tachen).


Diante de "A escola do silêncio", minha mente se aquieta e, por alguns instantes, esqueço-me do quão minha personalidade  normalmente é tensa. Como afirma Bernardo Soares - heterônimo de Fernando Pessoa no Livro do desassossego: " a Arte que mora na mesma rua que a Vida, porém num lugar diferente, a Arte que alivia da vida sem aliviar de viver." E é mesmo como se eu me mudasse pra outro lugar quando vejo pensativas as serenas meninas de Delville.

Quadro: "École du Silence" - Jean Delville (Coleção particular)



Os primeiros passos com Cecília Meireles

Olha, não tinha como iniciar esse blog sem mencionar que Cecília Meireles é minha escritora preferida. Afinal de contas,  foi ela quem me despertou a paixão pela poesia. Por sua vez, a poesia motivou-me a ler literatura e a literatura definiu escolhas fundamentais na minha vida.  

Desde a adolescência (por volta dos quatorze anos) Cecília Meireles tornou-se meu grande amor literário. Após essa descoberta, jamais me mantive distante da poesia, isto é, se não lia os poetas, vivia me arriscando a escrever alguns versinhos. Meu encontro com ela foi mais ou menos assim: no começo dos anos noventa, eu tinha o  hábito de flanar sozinha pela biblioteca da escola onde estudava. Eu adorava fuçar nos livros, sobretudo naqueles antigos de páginas amareladas e mordiscadas pelas traças. Na verdade, eu ficava um tanto penalizada pelo fato de vê-los lá esquecidos! Condoída, eu os levava comigo para ler em casa, nem que fosse ao menos  um trechinho. Lembro-me de uma peça de teatro que emprestei somente porque seu nome me soava por demais trágico! Eu amava o teatro (e ainda amo). A peça chamava-se Sangue limpo e o autor era Paulo Eiró. Recordo-me de ter decorado algumas falas e de ficar dramatizando certas cenas na sala de visita de casa! Era uma forma de treinar a memória, já que desde os doze anos, eu havia declarado para todo mundo que seria atriz de teatro! (rs)

   
Aconteceu que num dos passeios pela biblioteca,  quando já ia indo embora,  vi o nome Cecília Meireles numa estante. Achei o nome da escritora  tão  bonito que resolvi parar e apanhar o livro cujo título também me impressionava muito: Viagem/ Vaga música. (Mais tarde, descobri que, na verdade, eram duas obras reunidas num só livro). Decidi então levar Cecília Meireles comigo. 
Em casa, distraída eu folheava aquele livro. Procurava os títulos que mais me chamassem a atenção. Foi quando me deparei com "Canção" ( poema do livro Viagem). Sabe, foi uma leitura e um arroubo, pois aquele poema para mim era teatro! A força e a beleza daquelas palavras me motivavam a encená-las para mim mesma! (claro que da minha ingenuidade adolescente do que era encenar!) Foi mesmo um caso de paixão à primeira lida que, depois, foi se transformando em amor literariamente literal. Desde então, não consigo compreender o que é poesia e o que é literatura se não houver Cecília na minha estante. Se não houver Cecília na minha mente.

                                                                    
          ***

"Canção"

Pus meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito:
pra lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
                                                                     
                                                                          (Viagem, 1939)







Os primeiros passos com Cecília Meireles

Olha, não tinha como iniciar esse blog sem mencionar que Cecília Meireles é minha escritora preferida. Afinal de contas,  foi ela quem me despertou a paixão pela poesia. Por sua vez, a poesia motivou-me a ler literatura e a literatura definiu escolhas fundamentais na minha vida.  

Desde a adolescência (por volta dos quatorze anos) Cecília Meireles tornou-se meu grande amor literário. Após essa descoberta, jamais me mantive distante da poesia, isto é, se não lia os poetas, vivia me arriscando a escrever alguns versinhos. Meu encontro com ela foi mais ou menos assim: no começo dos anos noventa, eu tinha o  hábito de flanar sozinha pela biblioteca da escola onde estudava. Eu adorava fuçar nos livros, sobretudo naqueles antigos de páginas amareladas e mordiscadas pelas traças. Na verdade, eu ficava um tanto penalizada pelo fato de vê-los lá esquecidos! Condoída, eu os levava comigo para ler em casa, nem que fosse ao menos  um trechinho. Lembro-me de uma peça de teatro que emprestei somente porque seu nome me soava por demais trágico! Eu amava o teatro (e ainda amo). A peça chamava-se Sangue limpo e o autor era Paulo Eiró. Recordo-me de ter decorado algumas falas e de ficar dramatizando certas cenas na sala de visita de casa! Era uma forma de treinar a memória, já que desde os doze anos, eu havia declarado para todo mundo que seria atriz de teatro! (rs)

   
Aconteceu que num dos passeios pela biblioteca,  quando já ia indo embora,  vi o nome Cecília Meireles numa estante. Achei o nome da escritora  tão  bonito que resolvi parar e apanhar o livro cujo título também me impressionava muito: Viagem/ Vaga música. (Mais tarde, descobri que, na verdade, eram duas obras reunidas num só livro). Decidi então levar Cecília Meireles comigo. 
Em casa, distraída eu folheava aquele livro. Procurava os títulos que mais me chamassem a atenção. Foi quando me deparei com "Canção" ( poema do livro Viagem). Sabe, foi uma leitura e um arroubo, pois aquele poema para mim era teatro! A força e a beleza daquelas palavras me motivavam a encená-las para mim mesma! (claro que da minha ingenuidade adolescente do que era encenar!) Foi mesmo um caso de paixão à primeira lida que, depois, foi se transformando em amor literariamente literal. Desde então, não consigo compreender o que é poesia e o que é literatura se não houver Cecília na minha estante. Se não houver Cecília na minha mente.

                                                                    
          ***

"Canção"

Pus meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito:
pra lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
                                                                     
                                                                          (Viagem, 1939)







Reabrindo sob mesma direção!

Trata-se de um Imaginópolis renascido, uma vez que seu antigo endereço está para pifar (Spaceblog).

Trata-se de um recomeço d'un visage mais claro! (Há tempos que já vinha pensando nessa possibilidade, quando a internet, sem me avisar,  me fez este favor e esta maçada! Quase perdi tudo que já postei desde 2010!)

Trata-se de um despedir-se do passado, ainda que "Também a memória sofre"? (segundo Cecília Meireles).

(Não sei)

Só sei que serão inúmeras indefinições das mais variadas formas, caras e bocas.

Decreto reaberto e refundado Imaginópolis sob mesma direção!

Imagem: Rafal Olbinski



Reabrindo sob mesma direção!

Trata-se de um Imaginópolis renascido, uma vez que seu antigo endereço está para pifar (Spaceblog).

Trata-se de um recomeço d'un visage mais claro! (Há tempos que já vinha pensando nessa possibilidade, quando a internet, sem me avisar,  me fez este favor e esta maçada! Quase perdi tudo que já postei desde 2010!)

Trata-se de um despedir-se do passado, ainda que "Também a memória sofre"? (segundo Cecília Meireles).

(Não sei)

Só sei que serão inúmeras indefinições das mais variadas formas, caras e bocas.

Decreto reaberto e refundado Imaginópolis sob mesma direção!

Imagem: Rafal Olbinski