terça-feira, 29 de março de 2016

"L'art est le plus beau des mensonges."

En rendant visite à moi même, soudain, je me rends compte que:
- Je ne connais que tes sites touristiques.
Tout ce que les promeneurs enthousiastes peuvent regarder et admirer. Tu es ma Tour Eiffel, mes pyramides de Gyzeh et tous les bois et les châteaux; tous les palais de marbres et les tableaux.
- En fait, il ne m'a pas fallu de payer ton entrée. Tu me semblais une promenade gratuite, si pleine de mer. Où il y avait du vent et des oiseaux fantasques. Tu me semblais aussi ces lacs cachés parmis les vieilles arbres sages. Tu me semblais...être la beauté que j'ai toujours cherché. Tu me semblais...un trésor inoui...Le ciel que personne n'avait jamais vu.
Mais, dès que j'ai pu voir un peu de tes endroits. Ceux-là où on ne publie pas d'annonces
je n'ai découvert que des chimères tristes. Seules et vides...
Des chimères qui n'ont pas pu vivre leur monstruosité superbe. Des chimères muettes qui ne grattent pas. Des chimères peureuses, de vrais rats qui se font des illusions en créant leur propre absense.

En rendant visite à moi même, soudain, je me suis rendu compte que:
- Je t'avais inventé. En fait, je ne t'ai jamais voyagé. Et maintenant
tu me fais souvenir de la phrase dont j'oublie l'auteur:

"L'art est le plus beau des mensonges."





"Clair de Lune" - Claude Debussy

quarta-feira, 23 de março de 2016

Certidão de óbito de um nascimento

Agora eu tenho a certificação das respostas que já me haviam sido concedidas.  Mas, estou numa nebulosa de incredulidade. 
Entretanto, o choro que de ti emana clama por minha aceitação. Triste litania recém-nascida, resumida vulnerabilidade neonata.
Sinto-me uma das Pietás, a mais perplexa de todas a carregar morta em seus braços a esperança de ver algum dia o amor em sua grandeza.
Não cantarei para ti canções de acalanto. Há tempos que minhas rimas vêm galgando a maioridade das incertezas.
Não há porto seguro em meus seios. Como não há proteção órfã.
Encontraste tua mãe às avessas, essa Medéia que te prepara o leite e que mata o amor do qual tens fome. A que provém lágrimas em que resta senão sal. E o sal mata o que brota para crescer.
Confortáveis na orfandade...
Enquanto te liberto para voltar para teu amor-berço de pedra, o que por tão pouco não criamos jamais vê crescer o que tu sentes. Tu não vais para lá do teu medo: esse velho morto vivo, mas, pesado e insepulto soberano.
Será preciso continuar sem ti. Meu amor não alicia, não perverte o gozo, não reverencia a vilania.

Meu amor respira, cresce e matura. Morre para renascer.







domingo, 20 de março de 2016

Peripatética



Os alfinetes líquidos daquela noite cinza,
Enquanto sob o capuz das minhas dores
Meu tórax se abria
E se deixava ver a imensa colisão de cicatrizes
Que se mostravam como carnes expostas
Músculos de cansados abandonos

Sós os olhos percorriam a reta debaixo da chuva
Quedas venenosas dos cubos de gelo
Resfrio
Gélido pesar
Dos que persistem pelas ruas solitárias.

O suor é negro.,. a pele tem lembranças de lágrimas desconhecidas.
O branco dos olhos é pérola vermelha.
Sou a solidão que acabou de se casar com a tempestade.
E o que é de mim somente anda olhando para frente

Obstinada.

 

Fonte da Imagem: http://pedroguimaraesart.com/alfinetes/