Ter, na sombra, aquela fidalguia da individualidade
que consiste em não insistir em nada para com a vida.
(Livro do desassossego)
às vezes,
não tenho paciência com os sons. Quaisquer.
me cansam também as imagens, como o sol com seu céu azul pontual
todo dia sempre belo,
e as flores minguam porque a terra se empoeira
e as folhas de verdes que eram, tornam-se cores dobradas, esquecidas pelo chão onde as formigas não passeiam.
É quando às vezes me sento, sob minha mão que sustenta a circunspecção dos músculos perplexos:
o que sei fazer de melhor é estar absorta.
Por-me sentada ao abrigo dos meus olhos, à sombra de cortinas castanhas fechadas, a qual para este sol lhe dá as costas.
Agora,
estou diante do inevitável deste instante, como partícipe das despedidas
e a impressão que tenho é que, dentro em breve, virão buscar a hora para colocá-la no pra sempre.
Chego antes das minhas lágrimas. Não sei se incomodadas com o imprevisto,
se ausentaram porque não mais inesperadas.
Indiferente.
As lágrimas me colecionam a todo momento
aguam a esperança que se perdeu do mapa guia das mágoas,
escorrem perdidas pelo átrio das solidões,
e depois voltam a secar.