sábado, 18 de agosto de 2018

Acuso-me de viver no reino de uma mentira.
folhas,
presença,
passarinho,
canção...

Nada disso cabe num mundo onde nada rima.

Então, sacudo de minha cabeça estas notas que ousam me tocar em fermata.
Procuro, em vão, corresponder aos avisos.
Os compromissos me fazem crescer e crescer tem hora marcada o tempo todo.

Quando me sinto só, um somente em que a paz de um nevoeiro em nada supre.
Em nada encanta o por do sol da minha janela,
nem folhas, nem música, nem silêncio não me suprimem,
Lembro-me de uma mentira ideal.
Mentira ornamentada de desejo já bastante antigo e entristecido,
Um desejo cheirando a cômoda emperrada em casa de avó, ou de mãe, ou de quem quer que seja a desconhecida...
Em meu antiquário de mentiras, tendo só a mim como visitante,
Guarda-se uma única peça.
Minha ilusão caleidoscópica,
para todo o dia descorado que me doer como ideia.