quinta-feira, 27 de julho de 2017

Ponderações coxas

" - eu mesmo sozinho conversei. Ser forte é parar quieto; permanecer."
(Guimarães Rosa)



A angústia tem elo com o efêmero, enquanto a tristeza concerne ao eterno.
A angústia é intermitente, quase concreta 
e a tristeza carrega a duração consigo, se escondendo. Em disfarce.

A angústia vai e vem, 
bate a porta que pensávamos fechada 



e nos sufoca.







terça-feira, 25 de julho de 2017

O bosque sagrado

Minha existência hoje talvez possa ser melhor definida por lágrimas. Comoção, vibração...
As letras não satisfazem o que gostaria de expressar. Duvido que algum dia também farão sentido quando me lembrar. De que nesta tarde um Força indefinível se dirigiu a mim e permitiu que eu a contemplasse numa pequena porcentagem. A parcela ideal e exata que meu ser - em constante aprendizado, erro e transição é capaz de suportar.
Mesmo assim, foi muito! E, mesmo passadas algumas horas, estou em reconstituição.
Talvez tenha sentido meus inúmeros términos e renascimentos de mãos dadas ali. Talvez tenha vislumbrado a Sinfonia entre a Vida e a Morte.
A Força daquela gigante, a inominável Benevolência que não ouso explicar porque não compreendo.
Tudo em mim vibra e se imanta. Se magnetiza.
Talvez também doa porque meu ser se lembre do que ainda não saiba em palavras.
Tudo vibra, tudo ressoa na ausência das palavras.
É tanto Tempo. Uma magnificência de encontros que a mim só é permitido ver com o sopro que me anima, com a luz que me possibilita estar em movimento e compreender intuitivamente.
Estive num Templo a céu aberto. Numa permanência vitalícia. Estive neste não sei onde que habita em mim e que me é ainda insuportável por conta de toda a Vida que existe.
Eu não sei de nada.
Eu só pude sentir. E ainda sinto por lágrimas. Por lágrimas que me banham me derramando em êxtase sobre minha pequena própria existência.
É difícil acreditar nesta Grandeza Inevitável. Justo meu eu habituado à pequenez. Justo meu eu acostumado a crer na fragilidade. Não coube em mim tanta Grandeza.

Eu ainda me derramo.





                                                     "Jupter et Sémélé" - Gustave Moreau

                                                "O bosque sagrado" - Arnold Böcklin

sexta-feira, 7 de julho de 2017

L’enfant assis sur le tombeau de son vent.

Je suis un enfant. Je suis toute seule, parce que je suis une fille.
Je regarde du côté, du côté droit tout bas. Puis, je bouge mon regard vers mes soupirs et je le tourne.

Mon âme  et sa toux. Silencieuse et profonde. La terre sèche de mes aventures. Mes larmes la touchent et mon âme y reste.
Il ne me faut pas les ruines sans merci des ceux-là qui ne chantent. Mes ruines gravitent là. Et puis rien.
Ce n’est pas non plus le coucher du soleil. Je sais pas quelle heure il est dans le temps de noces des cieux. Du jaune, du noir, du gris, du rouge se marient devant mes pensées.

Mon pied droit fait des cercles sur la surface de la terre qui empoudre mes passades. Mais, je suis assise maintenant. Sur... sur...
Il y a  du vent de mon deuil.
Mon front a sommeil. Et mon profil s’enchante de l’ambre que j’invente.
La douleur bâille et tout meurt tout le temps. Tout se défait ; c’est le futur rien qui n’empêche pas la beauté.

L’éblouissement de mes ongles solitaires se touche. Au sein du soi-même.
Pas de pourquoi de m’hâter. Parce que je suis là en train d’être aimée de la poudre.

Et fin.


Caspar David Friedrich, Evening Landscape with Two Men, 1830-35 (The Hermitage, St. Petersburg)