terça-feira, 25 de julho de 2017

O bosque sagrado

Minha existência hoje talvez possa ser melhor definida por lágrimas. Comoção, vibração...
As letras não satisfazem o que gostaria de expressar. Duvido que algum dia também farão sentido quando me lembrar. De que nesta tarde um Força indefinível se dirigiu a mim e permitiu que eu a contemplasse numa pequena porcentagem. A parcela ideal e exata que meu ser - em constante aprendizado, erro e transição é capaz de suportar.
Mesmo assim, foi muito! E, mesmo passadas algumas horas, estou em reconstituição.
Talvez tenha sentido meus inúmeros términos e renascimentos de mãos dadas ali. Talvez tenha vislumbrado a Sinfonia entre a Vida e a Morte.
A Força daquela gigante, a inominável Benevolência que não ouso explicar porque não compreendo.
Tudo em mim vibra e se imanta. Se magnetiza.
Talvez também doa porque meu ser se lembre do que ainda não saiba em palavras.
Tudo vibra, tudo ressoa na ausência das palavras.
É tanto Tempo. Uma magnificência de encontros que a mim só é permitido ver com o sopro que me anima, com a luz que me possibilita estar em movimento e compreender intuitivamente.
Estive num Templo a céu aberto. Numa permanência vitalícia. Estive neste não sei onde que habita em mim e que me é ainda insuportável por conta de toda a Vida que existe.
Eu não sei de nada.
Eu só pude sentir. E ainda sinto por lágrimas. Por lágrimas que me banham me derramando em êxtase sobre minha pequena própria existência.
É difícil acreditar nesta Grandeza Inevitável. Justo meu eu habituado à pequenez. Justo meu eu acostumado a crer na fragilidade. Não coube em mim tanta Grandeza.

Eu ainda me derramo.





                                                     "Jupter et Sémélé" - Gustave Moreau

                                                "O bosque sagrado" - Arnold Böcklin

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