segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Do crescer (ou do Ad Infinitum).

Nem a temperatura nem a intensidade do toque foram os imaginados.
Tudo esteve de acordo com um modus operandi em oposição às expectativas da criatividade amorosa.
Ainda assim,
a escada de acesso a um corredor do tipo escolar não atuou como qualquer tipo de obstáculo rumo àquele lugar.
Uma espécie de sala de diretoria? O que era aquilo?

Havia uns olhos...muitos olhos que eu não sabia se eram curiosos e maledicentes. Deviam ser...
Ainda assim,
aconteceu intenso, vigoroso...
tão intenso e desejado que em meu lábio inferior foi criado uma espécie de calo. Daqueles calos resultantes após um período de pesada pressão.

Assustei-me um pouco, não suficientemente para que o desejo deixasse de ser irresoluto.
Sobre os olhos dois halos lunares marrons claros.
As roupas,
o corpo,
o calçado,
as pernas eram-me familiarmente diversas.
O modus operandi era de uma mecanicidade infantil e um tanto bizarra.

Um olhar específico de alguém freado pelo espanto, pela ofensa de um amor fora de forma.
Risos em dupla.
Não se importava mais com a fidelidade do amor? De qual amor estamos falando?
Não.
Queria.

Resolvidas as dúvidas pela metade, dirigiam-se...dirigiam-se, ainda que o medo.
Mas, praticamente em frente à porta daquele cômodo de tentativas, lá estava ele. Sozinho, o ar um pouco cansado. E lindo. Muito mais bonito que tudo, inclusive que todo o cenário escolar cujo chão e arredores eram didaticamente neutros. De uma neutralidade ensino público sem grandes pretensões.
Agora, os obstáculos propostos pela escada ineficaz tornaram-se ainda mais pequenos. Não podiam passar por conta do amor.

Cedeu o lado que lhe competiu ceder, ainda que a íntima contrariedade; concomitantemente às decisões veredictas da consciência: um empecilho.
Conversas, cumprimentos, farsas, esconderijos... E a gagueira.
E a gagueira, Deus do céu! E a gagueira.
Não sabiam o que fazer, nem o que pensar.
Graças a Deus, alguém resolveu chamar a prima mãe que pôs-se a conversar.
Tudo de volta à normalidade, ainda que os cabelos estivessem compridos! (?)

Mas, ao olhar, ao dirigir-se a mim...
Sua dislexia me incomodava penalizando-me diante daquele inevitável.
Minha tristeza de saber
que minha distância a medicava. Na verdade, medicava a todos.

Como antídoto para o desejo e muito provavelmente para o possível amor minha distância.
Tristeza medicinal, salutar.
Imaginauta, quem  lhe mandou querer aprender com Montaigne? Seu inconsciente, aluno aplicado, dispô-se a reter genuinamente o ensino.
Entendeu?


  • "É a primeira lição que os mexicanos ensinam a seus filhos, quando, ao saírem do ventre das mães, saúdam-nos assim: ' Filho, vieste ao mundo para suportar: suporta, sofre e cala-te.' "
  • "É preciso aprender a sofrer o que não se pode evitar."

E, Imaginauta, não há caminho de retorno: o modus operandi teu  tem sido por ti mesma ajustado para o modus crescendi ad infinitum.

Então, suporta!

Nenhum comentário:

Postar um comentário