terça-feira, 11 de abril de 2017

Desarticulações.

O ritmo cadenciado deste cursor faz com que diante de minha imaginação se abra uma espécie de portal. E tal qual àqueles dizeres que se encontram nas catacumbas, nele existem algumas palavras-convites: "Expresse-se".

Eu poderia contar sobre várias coisas: como às vezes tem sido difícil ser eu mesma, no equilíbrio/desequilíbrio em cima da corda bamba de todos os dias; eu poderia em vão dissertar sobre minha ignorância sobre as posições astrais, sobre a metafísica planetária vigente, bem como suas influências sobre este ser pensante excessivo; eu poderia lembrar por meio da grafia das letras que foi numa Semana Santa longínqua que li pela primeira vez Sonhos de uma noite de verão. 
No entanto, decido discorrer sobre o Amor.
Sobre qual deles? Pois há tantos... e tantos são um só. E, no entanto, desconhecemos profundamente todas as naturezas.
Na minha loucura que deseja ser poética a todo instante, penso que talvez todo ser humano deveria cultivar  - pelo menos - dois amores: Um amor compartilhado, possível; outro amor em estado de suspensão (na mais suprema ambiguidade que este termo suscita).
Há o amor de todo os dias e noites e manhãs. O amor do desafio da redescoberta. O amor que compartilha torradas e que não faz silêncio quando deveria. O amor que dorme ao lado quando os olhos despertam e que nos abriga. O amor que acolhe e briga de vez em quando. Que entra e sai de crises. Que caminha - mesmo que não saibamos muito bem pra onde.
Esse amor nos brinda com sua segurança. E nos convida a pensar sobre sua ilusão de se por sempre da mesma forma.

O segundo amor: não existe. Ou melhor, existe! Ou antes: existiu, deixou de existir, existirá pretérito em alguma reencarnação milenar. Parou de ser real futuramente. Amor de verso livre, rima branca, pobre, burguesa, aristocrática, depauperada. Amor de luar, não de lua. Amor... que se senta nas folhas noturnas de uma árvore que um dia já deu flor. E que não espera pela primavera de forma consciente.
Que tinge de sentir porque assim o escolhemos.
Que tinge de lembrar porque assim o aceitamos.
Amor pra se ouvir na canção o que se inventou e onde nos perdemos. Porque é recusa do atalho - essa sim consciente.
Amor pontiagudo. Pungente, pingente, cortante diamante. Estrela de qual grandeza maior que o sol?
Eu pontuo o finalmente sem conclusão. Estou dividida entre a introdução e o final.
Não finalizo nunca.



Detalhe:  "Triunfo de Vênus" - Bronzino (1540-1550)



Nenhum comentário:

Postar um comentário