segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Reflexões foliãs

"Carnaval, carnaval, carnaval... Fico triste quando chega o carnaval..."




Se me perguntarem se estou animada para o carnaval, responderei sempre que sim.  Afinal, todo ano venho fantasiada de quaresma antecipada e, para corresponder ao quesito "originalidade", é preciso caprichar na aura 'Quarta-Feira de Cinzas' antes mesmo de rumar para a apoteótica melancolia da 'Sexta-feira da paixão'!

O fato é que - por infelicidade ou  inconveniência de consciência - tenho mais facilidade para constatar a efemeridade das coisas nessa época de carnaval (aliás, creio que isso não seja nenhuma novidade). Mas, quem disse que procuramos por ineditismos?

Olho para a urgência da felicidade organizada nos blocos, para o decreto da pressa da euforia.
Para o resto frouxo das serpentinas penduradas, para os solitários copos plásticos semi-inertes pelo chão.
E os confetes  sempre estão pingando por toda a parte a nostalgia da sua passageira especificidade...

Minha alma é aquela imensa alegoria enguiçada cheia de Pierrots sentados. Ela se põe entre o devir e a conclusão da festa, bem no ermo da folia.

Não  fujo mais desta fantasia e assumo aqui o despojo das minha máscaras, a cadência soturna das minhas marchas.

Sou  também fogo de purpurinas amarelas, azuis, furta-cor. Mas, não hoje!
A mim resta perceber agora o peso secular da chegada destas terças-feiras gordas, naturalmente tão prenhes de significados.



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