quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Lero com o vento


Não me venha com esse estilão de "um vento com todas as almas" que eu conheço você! E, definitivamente, você não faz o gênero Grande sertão: veredas, meu velho...
Sabe por quê? Porque o vento do interior tem sempre essa mesma cara! Sempre essa mesma ideia! Enxugar tão completamente, mas, tão completamente o ar que o árduo trabalho da chuva de tentar banhá-lo um pouco se põe completamente perdido!
É...Vão dizer aí que tudo não passa de generalização de gente calorenta como eu! Tá bom! "O vento só fala do vento." como diz o  mestre Alberto Caeiro! Mas, moro no interior há mais de 30 anos e, até agora, foi raro ver algo diferente de: chove. Refresca (ah, que amor!). Vem o vento. Enxuga, seca, resseca o ar. Varre a umidade não sei pra onde. Deixa o céu azulíssimo! (não se fie nessa beleza) Depois esfria. Esfria mesmo de bater o queixo. No dia seguinte já menos frio. E aí as temperaturas começam a subir, a subir e de tão altas que ficam, a gente toma aquele porre de  calor! Depois do vento vem o calor! E ponto! E muito, mas, muito calor mesmo! De verdade! Com certeza absoluta! É isso mesmo de novo! Pleonasticamente fervendo! Do insuportável redundante!
É por isso que não vou com a fuça desse vento travestido de Guimarães Rosa! A mim não engana! Só me causa fastio mesmo...


                                       
                       Zéfiro: o vento cortante de "A Primavera" de Boticelli

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